quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O encontro

Numa praça movimentada, no centro de San Diego, Califórnia, Ângela Ventresca olhava para o horizonte. As pessoas indo e vindo de forma apressada, a linda e elegante silhueta única das lojas, restaurantes e prédios do local. Tudo combinando perfeitamente com o ar fresco e leve da praça. Havia se mudado para lá há 15 dias. Ângela era uma linda mulher italiana, de traços bonitos e delicados, pele clara, cabelos em longos cachos negros e olhos cor de folhas secas. Se mudara da Itália procurando uma vida nova, esquecer o recente divórcio de um casamento que durou cinco anos e lhe deu um casal de gêmeos, que no momento, estavam na idade de 3 anos, Marccelo e Julliana. Ângela ainda era jovem, tinha 23 anos, mas concluíra sua faculdade de advocacia há alguns meses. Em San Diego conseguiu trabalho em um escritório independente de um amigo do seu pai. Trabalhava de 9 as 5 da tarde, e quando saía, dava uma volta pela praça para se exercitar. Em um desses dias ela se sentou na mesa de um quiosque para tomar uma água de coco, e eis que surge em sua frente, sentado na mesa ao lado, um elegante homem. Estava com uma bermuda caqui e acabara de tirar a camisa mostrando um físico perfeito. Era alto, tinha a pele levemente bronzeada do sol, os cabelos negros já começando a ficarem grisalhos, aparentava ter uns 45 anos. Ângela não tirava os olhos do homem, que percebeu e lhe sorriu em um aceno cortês. A moça corou e lhe devolveu um sorrisinho amarelo.
E era nele que ela estava pensando enquanto observava a praça, não iria mais vê-lo. Afinal, deveria ter tomado a iniciativa naquele momento em que se conheceram. Então ela se levantou e foi caminhar um pouco ao redor da fonte de pedra que ficava no centro da praça, uma angelical estátua de três moças de costas uma para a outra deixando cair água pelos vasos que se encontravam em suas mãos. Ângela olhou a estátua com atenção, parecia mística. Tocou com seus dedos na água que caía de um dos vasos. Nesse instante sentiu alguém se aproximar, se virou e escutou um cumprimento de alguém, uma voz masculina grave e suavemente rouca. O homem se aproximou e desejou boa noite. Para sua surpresa, era o mesmo homem que vira no quiosque.
-Boa noite.
-Mora por aqui senhorita?
-Sim, eu moro do outro lado. Em um condominio...
-El Dorado del Poço?- interrompeu ele.
-Sim, conhece?
-Moro lá também. Me chamo Raymond Campbell.
-Muito prazer, Ângela Ventresca.
-Acho estranho nunca ter te visto por lá.
-Ah, o condominio é grande senhor Campbell. E eu moro lá apenas há 15 dias.
-Gostaria que me chamasse apenas de Raymond se não se importa.
Ela sorriu e disse que estava bem. Depois ele a convidou para tomar um vinho. Ângela relutou mas aceitou o convite pois estava louca para conhecê-lo melhor. Raymond sugeriu que fossem para um bar dentro do condominio, pois era mais tranquilo, ao que ela aceitou de bom grado. Entraram no carro dele seguiram para o condominio.
Enquanto ele dirigia, Ângela notou que ele olhava muito para suas coxas, que estavam expostas. Um pequeno short preto, e uma blusa bege um pouco apertada. Havia saído sem sutiã naquela tarde, as vezes fazia isso, como tinha os seios pequenos, ninguém notava, mas naquele instante, Raymond parecia notar e apreciar tudo. Ela se sentia excitada e insegura por estar com um desconhecido. Afinal, fazia uns bons meses que não se encontrava com nenhum homem. Falta de tempo, e talvez de coragem.
_Você não é daqui não é mesmo?-perguntou ele
_Sou da Itália, Veneza.
_Desconfiei pelo seu sotaque. _Tão aparente assim, é?-disse a moça sorrindo
_Lindo...
Ângela corou diante do elogio, Raymond, era, além de bonito, muito galante e charmoso.Quando finalmente chegaram no condomínio, ele deu a volta com o carro por uma pequena praça, onde havia uma escultura em bronze de um sapo com a boca cheia de moedas douradas.
_Imagino que o sapo tenha algo a ver com o nome do condomínio, não?
_Imaginou certo...-respondeu ele com simpatia- é por causa de uma lenda.
_Adoro lendas.-disse ela entusiasmada- você pode me contar depois.
Raymond sorriu largamente pensando nas possibilidades. Depois estacionou o carro perto de um pequeno bar, desceu e abriu a porta para que Ângela fizesse o mesmo. Eles caminharam em direção ao bar, que era pequeno, porém luxuoso e aconchegante. Por um segundo Ângela lembrou não estar muito bem vestida para um lugar daqueles, mas já não importava, o fato de estar na companhia de um homem como Raymond era suficiente. Ele a acompanhou até uma mesa redonda aos fundos, que apresentava uma elegante combinação de madeira de ébano, detalhes em metal dourado e um delicado sofá que rodeava metade da mesa, em estofamento vermelho. O sofá ficava ao lado da janela, uma bela vista para o céu banhado em tom róseo, que já indicava o anoitecer. O lugar era deveras confortável e quente, parecia um sedutor convite para que o casal de novos amigos tivessem uma agradável e excitante noite. Quando se aproximaram da mesa, Raymond gentilmente segurou a mão de Ângela para que se sentasse primeiro, logo em seguida, se sentou do lado dela. Perigosamente perto demais. Quando o garçom se pôs de frente a mesa, ele pediu que lhes trouxesse o melhor vinho da casa. Virando para Ângela disse:
_Tinto ou branco senhorita?
_Tinto.-disse ela em um sorriso matreiro.
_Por favor, garçom, nos traga seu melhor vinho tinto. E para acompanhar... hun, que tal fondue de queijo e outro com frutas e chocolate?!-virando-se para Ângela, falou em seu ouvido, baixo e sem lhe tocar-Aposto que irá gostar senhorita.
Ela aprovou com um olhar tentador, que lançou em direção de Raymond. Ficaram conversando enquanto tomavam o vinho, e quando o garçom chegou servindo o fondue, Raymond delicadamente colocou um morango coberto de chocolate na boca de Ângela, cuidou para que não estivesse muito quente. Estavam tão próximos que era impossível não notar os lindos traços italianos da moça. Não era extremamente linda, mas tinha algo que encantava Raymond, e muito. Ele observou o contorno de seus lábios carnudos, a delicadeza e sensualidade de sua língua, ao tocar o morango, o brilho dos olhos cor de folhas secas, a pele clara do rosto, e levemente rosada por causa do sol...  Raymond se aproximava inconscientemente, cada vez mais... e Ângela deixava acontecer.

Um comentário:

  1. Para postagens anteriores, por favor, visitem o inicio do blog, ou o canto direito da tela.
    Grata...
    Willa

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